Dia 31 de julho é o dia mundial do orgasmo. A data foi criada por sex shops inglesas. Vale lembrar que as mesmas chegaram a uma constatação triste: após encomendarem uma pesquisa, descobriram que cerca de 80% das mulheres inglesas nunca chegaram ao orgasmo.
“A liberdade sexual atual não pressupõe educação sexual” observa a terapeuta sexual Sylvia Marzano. Segundo ela, as mulheres, mesmo no século XXI, ainda não têm como adquirir um conceito sobre sexualidade totalmente limpo, sem os ranços da repressão e do sentimento de pecado e sujeira que o sexo trás ao pensamento. “Acredito serem as mesmas mulheres que teriam a queixa de anorgasmia como no passado, mas só que agora há um descobrimento de que elas têm o direito ao orgasmo, então vão buscar como tê-lo”.
O sucesso de ter um corpo orgástico é o autoconhecimento. Primeiro é preciso conhecer o corpo e como ele reage aos estímulos. Nesse processo de descoberta cria-se uma nova atitude sexual, de inclusive passar para o parceiro qual a melhor forma de conseguir atingir o prazer.
Para algumas pessoas esse caminho pode parecer um grande desafio. Antes de aprender a ter prazer, será necessário desfazer o mito de que, ter prazer é feio e não é saudável. Corrigir conhecimentos errôneos que foram se acumulando durante a vida, aprender as formas de prazer, sexual ou não, de viver a vida com plenitude.
Para outras que tanto buscam e nada encontram, o segredo é relaxar. Ansiedade também é inimiga do orgasmo. O sexo deixa de ser natural e passa a ser mais uma performance. “Hoje há muita informação, mas pouca formação. Depois de ler e reler manuais, guias, livros e até fazer cursos e treinamentos, se as pessoas não encontraram o prazer que procuram, pode até ser que quebraram alguns tabus, mas alimentaram muitos mitos também”.
A terapeuta explica que o orgasmo é individual e a receita está na pessoa, na sua entrega e cumplicidade. Para conquistar prazer é preciso se doar para a imaginação e estimular o corpo sem medo. Só assim é possível conhecer os mistérios da excitação. Fantasiar e se masturbar ainda é o melhor caminho para quem quer conhecer as próprias vias de prazer. Muitas pessoas temem as fantasias porque sentem que podem estar traindo o parceiro. Outras receiam que o parceiro ao descobrir que estão se masturbando se sinta relegado a um segundo plano. Mas o que as pessoas precisam descobrir é que o prazer é individual, no entanto ele é pleno quando há uma troca equilibrada de estímulos e só irão saber o que as estimulam se testarem sozinhas antes. Depois vem o diálogo sexual.
MITOS E TABUS
O ORGASMO É SEMPRE MUITO INTENSO – Falso – Muitas pessoas acham que ter orgasmo é ver estrelas, entrar numa outra dimensão cósmica, uma expressão violenta de sensações e desfalecimento. As sensações do orgasmo são variáveis de pessoa para pessoa e sofrem influência de fatores intrínsecos (emoções, sentimentos, orgasmos anteriores registrados na memória) e extrínsecos (ambiente, tempo e parceria sexual).
O ORGASMO MASCULINO É A EJACULAÇÃO – Falso – O orgasmo e a ejaculação são respostas fisiológicas diferentes no homem. O orgasmo é uma resposta sensorial, enquanto que a ejaculação é a eliminação do esperma. No homem, geralmente eles acontecem simultaneamente.
PRELIMINARES MAIS LONGAS, ORGASMOS MAIS INTENSOS – Falso – As preliminares são importantes para que a mulher chegue ao orgasmo, porém a intensidade do orgasmo depende exclusivamente da excitação, da entrega total ao momento erótico e de suas emoções.
PONTO G, ORGASMO ANAL, VAGINAL E CLITORIANO – este conceito é muito questionado. Não há comprovação científica que ateste a existência do Ponto G masculino ou feminino mas sim regiões que ao serem estimuladas favorecem o orgasmo. Existem zonas erógenas, tanto na região genital como em todo corpo que proporcionam excitação, variadas de pessoa para pessoa. Para os homens, as carícias na região perineal e anal podem estimular a próstata e favorecer a ereção. Para as mulheres, o canal vaginal possui uma plataforma orgástica, região mais sensível ao toque logo nos primeiros centímetros, que participa efetivamente na elevação da excitação. O ânus não é preparado anatomicamente para produzir um orgasmo. Mas orgasmo é um só e ele não é separado em vaginal, clitoriano, peniano. Ele é uma sensação do corpo inteiro. O que muda são os pontos estimulados para a excitação.
TODO SER HUMANO É EQUIPADO BIOLOGICAMENTE PARA TER UM ORGASMO – Certo – O nosso corpo está apto para o sexo e consequentemente para o orgasmo. Na dificuldade ou ausência do orgasmo, é necessário a busca de tratamento por um terapeuta sexual para investigar as possíveis causas, físicas ou psicológicas.
UM MULHER QUANDO TRANSA COM OUTRA TEM ORGASMOS INFINITOS – quando uma a mulher transa com uma outra não significa que elas terão orgasmos infinitos até que se cansem fisicamente. A mulher, assim como o homem, também tem um período chamado de resolução, ou seja, o período em que o corpo recomeça todo o processo de excitação, realização e novamente o clímax. A diferença entre o homem e a mulher é que ela continua, depois de um orgasmo, em um nível de excitação e ele não.
ORGASMOS MÚLTIPLOS - eles existem e dependem do nível de estimulação durante a relação sexual.
METADE DAS MULHERES PARA TER UM ORGASMO PRECISAM DE ESTIMULAÇÃO CLITORIANA –isso é perfeitamente normal e não se trata de um distúrbio. O orgasmo não depende da penetração para acontecer.
MULHERES DEMORARAM MAIS PARA CHEGAR LÁ - De forma geral sim, porque na sua resposta sexual, elas têm mudanças anatômicas na sua genitália para que possa ser penetrada sem dor. Muitas vezes, em um encontro casual, a mulher pode ter um orgasmo dentro de poucos minutos, pelo fator fantasia do momento.
Dra. Sylvia Faria Marzano - Médica Urologista
Pós-graduada em Terapia Sexual pela Faculdade de Medicina do ABC e pela
Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana
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