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segunda-feira, 13 de junho de 2011

União homossexual e o mundo dos negócios

Por Marcos Morita

A decisão histórica do Supremo Tribunal Federal que reconhecendo a união estável entre homossexuais trouxe, como todo assunto polêmico, críticas e comemorações, seja pela maneira que foi instaurada ou pelo conteúdo de sua matéria. O resultado corrobora as informações colhidas no Censo 2010, onde cerca de trinta mil casais declararam-se homossexuais. Apesar da euforia, muito ainda deverá ser feito para diminuir o preconceito velado, existentes na sociedade e na vida corporativa, só para citar alguns exemplos.
Na mitologia e na Grécia Antiga, o livre exercício da sexualidade era verdadeiro privilégio dos bem-nascidos, fazia parte do cotidiano de deuses, reis e heróis. A bissexualidade estava inserida no cotidiano, sendo que a heterossexualidade era voltada principalmente a reprodução. Já na Roma antiga, o homossexualismo era visto como algo natural, ou seja, no mesmo nível das relações entre casais, amantes ou de senhor e escravos.
A origem da palavra gay surge da expressão inglesa, oriunda do termo “gai”, advinda do francês arcaico, utilizada para designar uma pessoa espontânea, alegre, entusiasmente e feliz. Podendo ser encontrada nesse sentido em diversas literaturas americanas, sobretudo as anteriores a década de 20. A princípio pejorativa, o termo passou a ser utilizado pelos próprios homossexuais como expressão de sua autodeterminação.
Voltemos ao Brasil, o qual começa a assisitir a partir da década de noventa, a uma divulgação mais ampla nos meios de comunicação de massa acerca da diversidade sexual. Novelas, filmes, campanhas publicitárias, mercado editorial e internet. Foi também em noventa e sete que se realizou a primeira parada gay em São Paulo, a qual segundo o Guiness Book foi considerada a maior do gênero no mundo, em sua edição de 2006.
Uma pesquisa foi realizada pelo Data Folha durante a 9ª Parada Gay de São Paulo, confirmando a hipótese da maior escolaridade e renda média. A amostra, a qual pode ser considerada como representativa do universo GLBT, demonstra que 50% possuem nível superior e 20% ganham acima de 5.200 reais. A mesma pesquisa compara com a população ativa da cidade de São Paulo, cujos percentuais são respectivamente 14% e 3%, demonstrando a disparidade entre os grupos analisados. Como em outros segmentos da economia americana, este mercado é bastante robusto, movimentando algo como US$ 54 bilhões em produtos e principalmente serviços, em especial o setor de turismo com cruzeiros e hotéis exclusivos. Um dado interessante da ABRAT – associação de turismo especializada no público GLS, demonstra que o percentual de americanos que viajam para o exterior é de 9% entre os heterossexuais, número que explode para 45% entre os gays, comprovando o potencial de consumo deste mercado.
As mudanças sociais e econômicas oriundas da posição dos ministros poderão ser imensas. A legalização dos relacionamentos trará a possibilidade de novas configurações familiares, muito além da retratada nos adesivos colados nas traseiras dos veículos. Nesta esteira, oportunidades imensas em todos os setores virão. Construção civil, comércio, serviços, entretenimento e turismo são alguns dos segmentos que poderão se aproveitar ainda mais deste boom, oferecendo novos produtos e ofertas a este exigente público.
Identificar seus gostos e necessidades, adaptar e criar produtos e serviços, treinar seus funcionários e integrar seus clientes são apenas alguns dos desafios apresentados às empresas e empresários. Negar sua existência ou protelar as estratégias e ações, assim como fez o Congresso, será no mínimo imprudente a saúde dos negócios, considerando-se seu potencial atual e futuro de consumo.
Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas e professor da Universidade Mackenzie. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

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